Carros Raros! (Emme-Lotus 422-T) #16
Enviado: 20/12/2013 20:46
Olá, pessoal do CoG! Como previsto pela enquete que fiz para decidir qual carro ganharia o "sorteio", o carro que falarei hoje é o Emme-Lotus 422T, um sedã brasileiro que tinha grandes chances de conquistar parte do mercado brasileiro de veículos de luxo, mas acabou passando por inúmeros problemas de projeto e de licenciamento e levou a pequena empresa à bancarrota.
http://flaviogomes.warmup.com.br/wp-con ... me-001.jpg
A Emme foi uma empresa fundada em meados dos anos 90 no Brasil, época em que o setor automotivo brasileiro estava "pegando fogo" após o início das importações de veículos. Em 1997, a companhia apresentava o seu carro-chefe: O 422T, um sedã de grande porte que possuía diversos atributos e inovações. Entre elas destacava-se a sua carroceria feita totalmente em VeXtrim, um material patenteado pela própria empresa que era baseado em plástico injetado. Esse material garantia muita resistência ao veículo, e era considerado como um dos melhores substitutos da fibra de vidro. A Emme inclusive teve planos de vender o 422T na Europa, mas o carro não condizia com as regras de segurança do continente.
http://cdn.jalopnik.com.br/wp-content/u ... /imc2g.gif
Logo em 1997, a Megastar (dona da Emme) instalaria-se em Pindamonhangaba, onde construiu uma fábrica e investiu cerca de 150 milhões de reais. O que soava estranho era o fato da empresa não liberar sequer um dado do veículo à empresa; Praticamente tudo o que sabia-se do carro era liberado por meio da própria prefeitura da cidade. Mesmo assim, a companhia tinha conseguido bastante atenção da mídia, ainda mais considerando o fato de que a indústria nacional da época resumia-se a Ford, GM, Fiat e VW.
No fim do ano, o carro finalmente era apresentado no Brasil Motor Show (em uma época em que o Salão do Automóvel ainda era bastante restrito às maiores empresas): Um veículo grande e espalhafatoso, que supostamente teria mais de 85% das peças feitas em solo nacional.
http://cdn.jalopnik.com.br/wp-content/u ... %B3vel.gif
A motorização seria basicamente composta por dois modelos: Um 2.0 (que possuía estranhas semelhanças técnicas com a família EA da Volkswagen, como o diâmetro dos pistões, o que geraria bastante desconfiança em relação ao motor) que acabou por não ser produzido, e a verdadeira cereja do bolo: Um 2.2 Turbo, derivado da Lotus inglesa e com 264 cavalos, que possuía argumentos bastante convincentes: Além de ter sido usado no Esprit dos anos 80, tinha uma velocidade máxima de 273 KM/H e 0 a 100 KM/H em 5 segundos. Bastante suspeito para um veículo de mais de 1.500 quilos e um motor de menos de 270 cavalos...
http://img2.mlstatic.com/emme-422turbo- ... 0_1620.jpg
Em 1998, a Megastar abriria uma loja em São Paulo, que fecharia logo depois. Sendo assim, a empresa foi atrás de investidores, mas não obteve sucesso. Em 2000, a companhia declarava falência. Mas isso parecia suspeito demais: Uma empresa multinacional de 200 milhões de reais, com uma parceria com a Lotus, fecharia após cinco anos em operação e finalizando somente 10 carros? Foi com estes questionamentos que um grupo de compradores do veículo foram atrás de respostas direto na secretaria do desenvolvimento de Pindamonhangaba. Estranhamente, ninguém possuía respostas, nem sequer sabiam onde encontrar os acionistas da Megastar.
http://cdn.jalopnik.com.br/wp-content/u ... 9/fact.gif
Insatisfeitos, os donos foram atrás das informações e chegaram a umas conclusão inesperada: A Emme nunca tinha feito acordo nenhum com a Lotus. A única coisa que aconteceu foi a compra dos motores que sobraram da linha de produção da companhia inglesa, que não utilizaria mais os motores em decorrência dos novos motores V8 que empregariam no Esprit. Inclusive, a compra só foi concretizada porque os motores eram defeituosos, e somente 2 entre 10 deles estavam em boas condições de uso. A Lotus percebeu que seria uma boa oportunidade para livrar-se dos motores que sobraram, e os cedeu à Emme.
Outros problemas do carro incluíam sua própria carroceria de VeXtrim; O material não permitia que peças sobressalentes fossem adaptadas no veículo. Deste modo,se você batesse seu 422-T, provavelmente você teria que trocar a seção inteira (por exemplo, se o para-lama fosse danificado, então lá iriam junto pára-choque, faróis, capô...). Esses defeitos de encaixe repetiam-se no interior, cheio de vãos, rebarbas e desníveis acentuados. O interior também não era exatamente funcional: O painel central tinha mais de 30 botões, que tinham funções das mais variadas (que iam da ventilação até o comando dos vidros elétricos).
http://cdn.jalopnik.com.br/wp-content/u ... /imc4g.gif
Um dos proprietários, que era engenheiro, notou que nada mais de 15 milhões foram gastos durante o processo inteiro, o que representava apenas 10% do que a Megastar havia apresentado à prefeitura da cidade. Com essa quantidade de dinheiro, seria impossível levantar uma empresa com tanta demanda no mercado nacional. Pior ainda, se a empresa realmente pudesse importar o carro para a Europa (o que não se concretizou devido às leis de segurança bastante rígidas do continente).
http://cdn.jalopnik.com.br/wp-content/u ... /imb2g.gif
Sendo assim, a empresa atolou-se em multas e condenações de fraude e acabou por fechar as portas em 2000. Até hoje, pouco se sabe sobre o carro e sua empresa: Documentos são extremamente escassos, fotos e vídeos também são muito raros. Por estes e vários outros problemas, a empresa permaneceu misteriosa, enquanto os infelizes proprietários de seus veículos tentavam entender o que realmente estava acontecendo.
Galeria de Fotos - Mais algumas fotos deste projeto promissor, mas esquecido no tempo:
http://cdn.jalopnik.com.br/wp-content/u ... /imb3g.gif
http://quatrorodas.abril.com.br/galeria ... sil_01.jpg
http://carronews.tudoaver.com.vc/wp-con ... bancos.jpg
http://www.fantasycars.com/gallery/Cars ... _422t1.jpg
http://flaviogomes.warmup.com.br/wp-con ... /emme2.jpg
http://flaviogomes.warmup.com.br/wp-con ... me-008.jpg
Obrigado por ver o Post! Se gostou, comente aí embaixo, fale o que achou e dê um joinha amigão :D
http://flaviogomes.warmup.com.br/wp-con ... me-001.jpg
A Emme foi uma empresa fundada em meados dos anos 90 no Brasil, época em que o setor automotivo brasileiro estava "pegando fogo" após o início das importações de veículos. Em 1997, a companhia apresentava o seu carro-chefe: O 422T, um sedã de grande porte que possuía diversos atributos e inovações. Entre elas destacava-se a sua carroceria feita totalmente em VeXtrim, um material patenteado pela própria empresa que era baseado em plástico injetado. Esse material garantia muita resistência ao veículo, e era considerado como um dos melhores substitutos da fibra de vidro. A Emme inclusive teve planos de vender o 422T na Europa, mas o carro não condizia com as regras de segurança do continente.
http://cdn.jalopnik.com.br/wp-content/u ... /imc2g.gif
Logo em 1997, a Megastar (dona da Emme) instalaria-se em Pindamonhangaba, onde construiu uma fábrica e investiu cerca de 150 milhões de reais. O que soava estranho era o fato da empresa não liberar sequer um dado do veículo à empresa; Praticamente tudo o que sabia-se do carro era liberado por meio da própria prefeitura da cidade. Mesmo assim, a companhia tinha conseguido bastante atenção da mídia, ainda mais considerando o fato de que a indústria nacional da época resumia-se a Ford, GM, Fiat e VW.
No fim do ano, o carro finalmente era apresentado no Brasil Motor Show (em uma época em que o Salão do Automóvel ainda era bastante restrito às maiores empresas): Um veículo grande e espalhafatoso, que supostamente teria mais de 85% das peças feitas em solo nacional.
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A motorização seria basicamente composta por dois modelos: Um 2.0 (que possuía estranhas semelhanças técnicas com a família EA da Volkswagen, como o diâmetro dos pistões, o que geraria bastante desconfiança em relação ao motor) que acabou por não ser produzido, e a verdadeira cereja do bolo: Um 2.2 Turbo, derivado da Lotus inglesa e com 264 cavalos, que possuía argumentos bastante convincentes: Além de ter sido usado no Esprit dos anos 80, tinha uma velocidade máxima de 273 KM/H e 0 a 100 KM/H em 5 segundos. Bastante suspeito para um veículo de mais de 1.500 quilos e um motor de menos de 270 cavalos...
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Em 1998, a Megastar abriria uma loja em São Paulo, que fecharia logo depois. Sendo assim, a empresa foi atrás de investidores, mas não obteve sucesso. Em 2000, a companhia declarava falência. Mas isso parecia suspeito demais: Uma empresa multinacional de 200 milhões de reais, com uma parceria com a Lotus, fecharia após cinco anos em operação e finalizando somente 10 carros? Foi com estes questionamentos que um grupo de compradores do veículo foram atrás de respostas direto na secretaria do desenvolvimento de Pindamonhangaba. Estranhamente, ninguém possuía respostas, nem sequer sabiam onde encontrar os acionistas da Megastar.
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Insatisfeitos, os donos foram atrás das informações e chegaram a umas conclusão inesperada: A Emme nunca tinha feito acordo nenhum com a Lotus. A única coisa que aconteceu foi a compra dos motores que sobraram da linha de produção da companhia inglesa, que não utilizaria mais os motores em decorrência dos novos motores V8 que empregariam no Esprit. Inclusive, a compra só foi concretizada porque os motores eram defeituosos, e somente 2 entre 10 deles estavam em boas condições de uso. A Lotus percebeu que seria uma boa oportunidade para livrar-se dos motores que sobraram, e os cedeu à Emme.
Outros problemas do carro incluíam sua própria carroceria de VeXtrim; O material não permitia que peças sobressalentes fossem adaptadas no veículo. Deste modo,se você batesse seu 422-T, provavelmente você teria que trocar a seção inteira (por exemplo, se o para-lama fosse danificado, então lá iriam junto pára-choque, faróis, capô...). Esses defeitos de encaixe repetiam-se no interior, cheio de vãos, rebarbas e desníveis acentuados. O interior também não era exatamente funcional: O painel central tinha mais de 30 botões, que tinham funções das mais variadas (que iam da ventilação até o comando dos vidros elétricos).
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Um dos proprietários, que era engenheiro, notou que nada mais de 15 milhões foram gastos durante o processo inteiro, o que representava apenas 10% do que a Megastar havia apresentado à prefeitura da cidade. Com essa quantidade de dinheiro, seria impossível levantar uma empresa com tanta demanda no mercado nacional. Pior ainda, se a empresa realmente pudesse importar o carro para a Europa (o que não se concretizou devido às leis de segurança bastante rígidas do continente).
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Sendo assim, a empresa atolou-se em multas e condenações de fraude e acabou por fechar as portas em 2000. Até hoje, pouco se sabe sobre o carro e sua empresa: Documentos são extremamente escassos, fotos e vídeos também são muito raros. Por estes e vários outros problemas, a empresa permaneceu misteriosa, enquanto os infelizes proprietários de seus veículos tentavam entender o que realmente estava acontecendo.
Galeria de Fotos - Mais algumas fotos deste projeto promissor, mas esquecido no tempo:
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