Conto de Terror #10: Atestado de Óbito

Espaço para comentar sobre livros, revistas, textos, sendo eles sobre games ou não.
Responder
Broto
Difficulty: Very Hard
Difficulty: Very Hard
Mensagens: 644
Registrado em: 29/09/2012 21:51
Cor de Fundo: F0F0F0
Imagem de Fundo: http://i.imgur.com/ENMSFZT.png
Localização: Santa Catarina

Conto de Terror #10: Atestado de Óbito

Mensagem por Broto »

[quote]Antes de prosseguir para o texto, leia isso:
Se você possui problemas cardíacos, ou tem a mente fraca para contos assustadores a leitura deste conteúdo não é recomendada.
Clique aqui para ver um conteúdo alternativo.
Obrigado pela compreensão e boa leitura.
[/quote]

Atestado de óbito

http://static.minilua.com/wp-content/up ... 8f8be0.jpg

Manhã fria de Segunda-feira. Um relógio quebrado pendurado na parede marca 13 horas e 46 minutos. Ao meu redor somente cadeiras vazias e um silêncio desesperador. De repente a porta abre e uma voz forte me chama: Antônio Ferreira dos Santos.

Nunca gostei de ir ao médico, estava ali por uma obrigação da empresa, era uma ordem do patrão. Nesse dia iria saber o resultado dos meus exames de sangue e urina. Após analisar meu hemograma, o Doutor olhou fixamente nos meus olhos. Ele ia dizer algo, mas uma enfermeira entrou na sala e interrompeu:

- Doutor Paulo, hoje só temos problemas aqui. A paciente do quarto 282 morreu, foi parada cardíaca. E um menino acaba de chegar à emergência, vítima de bala perdida, o estado é grave. O senhor ficará para cuidar desse caso?

O Doutor bate na mesa e diz furioso:

- ***** Renata, não aguento mais, há três dias estou cumprindo plantões aqui nessa *****, preciso descansar também. Não conte comigo nessa, eu tenho mulher e filhos para cuidar. Fale com o Roberto, ele saberá o que fazer.

A enfermeira bate a porta e sai correndo. Observando todo esse descaso médico fiquei profundamente revoltado e perguntei qual era, afinal, o resultado do meu exame. Nessa hora o celular do médico tocou, ele atendeu com um semblante de felicidade e disse bem rápido:

- Me espere hoje à tarde naquela mesma praça, perto da Estação Pinheiros. Te amo Ana, beijos no seu corpo todo.

Estava ficando impaciente com toda a situação no consultório. Olhei fixamente para um carimbo em cima da mesa e, finalmente, escutei o resultado da ***** do exame. Palavras que pareciam facas afiadas atravessavam o meu coração naquele momento:

- Seu Antônio, infelizmente, foi detectado através do seu hemograma uma doença muito rara e num estágio já avançado. Faremos um tratamento rigoroso a partir de hoje. Mas devo informar que as suas chances de cura são praticamente nulas e o senhor só tem aproximadamente um mês de vida, talvez um pouco mais ou um pouco menos. Pode se levantar e ir embora.

Um triste silêncio predominou no consultório. Naquele instante, ao longo dos meus 58 anos, passaram na minha cabeça flashes dos momentos mais marcantes da minha vida, como: o nascimento da minha filha, a morte dos meus pais, o acidente de carro que sobrevivi, minhas paixões da adolescência e muitos outros momentos que serão enterrados comigo em breve.

Saí do hospital feito um louco, bati a porta, chutei as cadeiras e desci correndo pela escada. Minha vida não tinha mais nenhum sentido. É muito triste viver sabendo a data de sua morte e não poder fazer nada para mudar esse terrível destino.

O mundo escureceu ao meu redor, passei o resto da manhã andando pela cidade sem rumo. Só pensava em uma única coisa, dar um ponto final nessa agonia de ter dia marcado para morrer. Às 13 horas e 39 minutos entrei na Estação Pinheiros de Trem e decidi cometer um suicídio.

O trem estava vindo, comecei a tremer e chorar. De repente, uma moça se aproximou de mim e disse:

- Senhor, está se sentindo bem? Quer ir ao médico? É perigoso o senhor passar mal e morrer dentro do trem.

Ela disse a palavra médico. É incrível como a vida é tão irônica. Olhei nos olhos dela e disse que já tinha o meu Atestado de óbito, que já estava morto desde manhã por causa de um médico. A moça ficou confusa e se afastou.

Exatamente às 13 horas e 46 minutos pulei nos trilhos. Escutei as pessoas gritando e o mais doloroso foi escutar a voz da minha filha que, por coincidência, estava na estação também:

http://static.minilua.com/wp-content/up ... 4/trem.jpg

- Pai, pai, não faça isso! Nãoooo!

Comecei a sentir os ferros cortando violentamente os meus pés e em seguida senti meu corpo sendo dilacerado rapidamente pelos vagões. Minha cabeça foi esmagada e os miolos se espalharam pelos trilhos. O sangue espirrou nas pessoas que estavam na plataforma e meu braço ficou pendurado na frente do trem. Como fundo musical dessa cena horrorosa ficaram os gritos e o choro da minha filha.

Doutor Paulo, após almoçar e sem demonstrar preocupação com seus pacientes, sai do hospital e vai ao encontro de Ana, sua amante. Mas o que ele não sabe é que cometeu o maior erro de sua vida nessa manhã. Ele havia trocado o resultado do exame de sangue de Antônio, que estava normal e tinha uma longa vida, pelo exame de Antônia, que estava prestes a morrer.

Um erro fatal que custou uma vida nos trilhos enferrujados da Estação Pinheiros de Trem.

Créditos: Minilua

LoucurasdoPortal
Difficulty: Expert
Difficulty: Expert
Mensagens: 1722
Registrado em: 15/12/2012 14:17
Sobre: Viciado em Carro para todo o sempre :D
Cor de Fundo: F0F0F0
Imagem de Fundo: data:image/jpeg;base64,/9j/4AAQSkZJRgABAQAAAQABAAD/2wCEAAkGBhISDxMUEhIUFBAWFhgUFRcVFBYYFxoZFxkVGBYYGBcYHSYhFyAjHBgVIC8gIycrLS0sFx4xNTAqNiYrLCkBCQoKDgwMGA8PFS0cHB8pLC0tKiksLC4pKS4pLCkvLDApKSksLCosKjUsKTUpKiwpKSkpLC81KSkpKSkpNSwyLv/AABEIANIA8AMBIgACEQE
Localização: Procura no Google
Contato:

Re: Conto de Terror #10: Atestado de Óbito

Mensagem por LoucurasdoPortal »

LoL, muito zoado o fim!

Sunray

Re: Conto de Terror #10: Atestado de Óbito

Mensagem por Sunray »

Coitado do pobre cidadão, um erro fatal do médico mesmo. Bom conto!

Responder