O brasileiro já está cansado de saber que os impostos encarecem o preço dos jogos no Brasil. Porém, a sopa de letrinhas - PIS, Cofins, ICMS, IPI... - que em algumas situações faz o preço de um game em disco ultrapassar a marca dos R$ 200, não incide da mesma forma sobre um produto digital, ou seja, vendido via download. Basta ver os valores exercidos pelo Steam, no PC.
Com a fabricação local de jogos, a Ubisoft tem conseguido preços mais camaradas e, não menos importante, lançamento simultâneo de seus principais títulos. Porém, o mesmo "Far Cry 4" que sai a R$ 149 na loja da esquina, ainda custa os mesmos R$ 149 na Xbox Live ou PSN. Por que? "Temos que zelar também pelo negócio dos revendedores locais, nos quais confiamos bastante. Não queremos 'cortá-los'", explica Chris Early, vice-presidente de publicação digital da Ubisoft.
Vale destacar que equiparar preços de jogos físicos e digitais é uma política global das empresas de games. Ou seja: é algo que também acontece nos EUA e na Europa. Porém, estas regiões não sofrem com altas cargas tributárias tal qual acontece no Brasil.
Para Chris Early, redução nos preços de jogos digitais atrapalharia revendedores
Brasil em crescimento
Com uma base instalada de 10 milhões de consoles, entre 7ª (PS3, Xbox 360) e 8ª (PS4, Xbox One) gerações, o Brasil cresceu 3% em faturamento em 2014 para a Ubisoft, que atualmente detém 18% do mercado local de jogos.
Quando se fala em América Latina como um todo, a empresa espera que, em quatro anos, a indústria de games dobre de tamanho na região, tanto em faturamento quanto em volume de vendas. E boa parte disso vai acontecer no cenário digital: "O mercado de jogos digitais está crescendo mais rápido que o físico, justamente por causa dos impostos", explica Early, para quem a estrutura atual favorece o consumo por download: "Cada vez mais as pessoas se conectam [à internet] via mobile, PC ou console".
A Ubisoft também vai bem quando se trata de mobile: para se ter uma ideia, o Brasil é o território com mais jogadores de "Just Dance Now", versão do game de dança da companhia lançada para smartphones.
Por fim, Early falou sobre o desenvolvimento local de jogos - a Ubisoft manteve estúdios em São Paulo e Porto Alegre, entre 2008 e 2010, quando produziu jogos para Nintendo DS no país. Na época, Bertrand Chaverot, diretor da empresa em território nacional, disse que os altos custos de desenvolvimento tornaram o Brasil um lugar impossível de alcançar as metas inicialmente estabelecidas.
"Abrimos e fechamos alguns estúdios ao redor do mundo, às vezes porque o mix de talentos e os custos locais não ajudam. No caso do Brasil, foram as circunstâncias da época e estamos completamente abertos a avaliar a situação novamente", diz Early, acrescentando em seguida, no entanto, que este não é o foco da empresa no momento.
Sucesso da Ubisoft, "Far Cry 4" custa o mesmo em disco e no formato digital
Fonte: jogos.uol.com.br