“Max Payne 3” acontece na cidade de São Paulo, onde o herói do game vem dos Estados Unidos para proteger a família de um empresário rico, mas acaba se metendo no caminho de traficantes e de uma milícia que controla as favelas da cidade. Entretanto, a escolha da capital paulista ou de outras cidades como Buenos Aires, Cidade do México, Tóquio ou outra grande metrópole não mudaria em nada a história do jogo. A Rockstar poderia até utilizar partes dos cenários de outros lugares já que a São Paulo retratada no game é uma versão diferenciada feita pela empresa norte-americana.

A própria Rockstar já usa cidades fictícias em sua série de maior sucesso, “Grand Theft Auto”, o que a ajuda a recriar versões de Nova York (Liberty City) ou Los Angeles (Los Santos), que não são réplicas reais. Por outro lado, parte de Los Angeles foi recriada em detalhes para o jogo de corrida “Midnight Club: Los Angeles”, da própria companhia.

Em entrevista por e-mail ao G1, Jeronimo Barrera, vice-presidente de desenvolvimento da Rockstar, disse que São Paulo foi escolhida para a história por “ser a maior cidade do hemisfério sul, rica e diversificada, mas que sofre de uma tensão por conta dos extremos entre ricos e pobres”. Ele não respondeu à pergunta sobre o motivo de a cidade de São Paulo no jogo ser tão diferente da real.

No entanto, Barrera disse que para conseguir passar a mesma situação de um estrangeiro perdido no Brasil sem saber falar português, o game não teve diálogos locais legendados para os consumidores norte-americanos. “Queríamos que eles ficassem perdidos assim como Max”.

O impasse criado pela Rockstar, contudo, é que o jogador brasileiro que joga o game perceba que há algo errado com os personagens que vivem aqui. Eles não falam como a gente e têm um sotaque forçado que nem de longe lembra o paulistano. A Rockstar divulgou que o título usou atores portugueses para dublar os personagens.

Vale lembrar também que, quando o game foi anunciado, a produtora confundiu São Paulo com o Rio de Janeiro, dizendo que a cidade era conhecida “por seu clima quente e pela música funk”. Após protestos dos gamers brasileiros, ela pediu desculpas pelo erro.

Curiosamente, a Rockstar afirma que uma equipe de desenvolvimento foi para São Paulo, visitou favelas, pontos turísticos, locais onde era possível ver o horizonte da cidade e baladas. Em um documento enviado ao G1, a empresa cita o “trânsito, os ricos vivendo com medo, assaltantes usando motos”, tudo o que acontece realmente na cidade – mas que não aparece no título. O que aparece, e é que citado no documento, são carteis de traficantes no game, como o Comando Sombra.

Barrera, contudo, deixa claro que São Paulo é secundária no título quando questionado se há excesso de violência na versão da cidade que aparece no jogo. “’Max Payne 3’ é menos sobre o lugar e mais sobre as experiência e história de Max, embora São Paulo tenha problemas distintos”.

Mesmo sem apresentar uma versão fiel de São Paulo, “Max Payne 3” é um excelente jogo de tiro. “A combinação de movimento e mira torna o jogo único, permitindo que o jogador consiga mirar no alvo enquanto os confrontos parecem uma coreografia de dança”, explica o executivo.