A mais nova sacada da Rockstar surpreende novamente! Quer ser o valentão da escola?
Se você já jogou GTA, ou qualquer que um de seus clones, então você não terá problemas para jogar Bully (afinal de contas, este conta com a engine de GTA). As mecânicas, técnicas de construção de enredo e, no geral, o sentimento do jogo são imediatamente reconhecidos com um pouco dos elementos de games anteriores da Rockstar como San Andréas, Manhunt e The Warriors. Uma das coisas que Bully tem de diferente é o seu alvo. Você não está atravessando um estado inteiro, nem encontrando novas e brutais formas de matar ou massacrar seus adversários. Em Bully, não há mortes humanas, não a sangue (seja vermelho, cinza ou qualquer outro que você imaginar) e os jogadores não irão derrubar aviões ou construções. Esse conto é sobre a cidade de Bullworth, seu particular sistema de ensino e tudo sobre a experiência de tornar-se parte desse ideal.
É claro que tendo uma escala menor, que os títulos anteriores da Rockstar, não faz de Bully um game pequeno. Comparado aos demais games de ação, a história de Jimmy Hopkins é incrivelmente maior. Com mais de 100 Npcs (personagens com personalidades distintas, controlados pelo jogo), vários centros comerciais e residenciais, lago, áreas secretas e os arredores de um colégio, Bullworth e seus arredores dão aos jogadores muita coisa a se fazer. Na verdade, não seria exagero dizer que Bully é um dos maiores e mais profundos games desse ano.
Mas, espaço e abundancia de opções pode não ser o suficiente. Por isso o jogo tem que ser divertido ou então seria apenas uma enorme perda de tempo. Felizmente, Bully é divertido e irá manter você ocupado com uma série de atividades e mini-games. O truque para descobri-los, entretanto, é passar do primeiro capítulo. Construído como tutorial, os movimentos iniciais de Bully não condizem com o restante da diversão (o início pode tornar-se meio maçante, pois é de três a seis horas).
Porém, logo que o segundo capítulo começa as coisas realmente melhoram. O protagonista pode participar de praticamente tudo o que um adolescente faria em seu tempo livre, como corridas de bicicleta, skate, e pegar garotas. Ele pode até mesmo conseguir um trabalho para ganhar uma grana extra (usado para comprar roupas e comida) podendo vender hamburgers, cortar grama ou até entregar jornais. Há uma série de outras coisas que o jovem Mr. Hopkins pode fazer, mas descobri-las por si só é parte da diversão!
Na maior parte dessa aventura, as missões principais e secundárias de Bully são jogadas da mesma forma: em terceira pessoa, com combates mano-a-mano, usando as funções de pressão para combate do analógico do PS2 (parecido com o que acontece em The Warriors). Verdade seja dita? Você fará isso a maior parte do tempo, seja entregando pacotes, escoltando amigos ou até mesmo explorando a cidade, a pancada rola solta! E além dos tradicionais socos e pontapés, você poderá melhorar suas técnicas de combate numa academia, entregando rádios transistores para Koreanos ou até mesmo encarando um ringue de boxe. Parte da diversão das batalhas está no fato em que, além de socos, chutes e balões, você poderá contar com diversas armas, entre ovos, traques, bombas fedidas, extintores de incêndio, e o clássico estilingue, para surrar a cara de nerds até valentões lideres de gangues, dos mais tolos personagens, até chefões com alta inteligência artificial.
É até interessante ver a Rockstar promover a necessidade de fazer os alunos irem às aulas, o que é útil no jogo para evoluir as perícias. Mesmo com o fato que às vezes isso pode se tornar repetitivo, ninguém pode dizer que eles não lembraram da importância dos estudos, não importando quão bagunçada seja a vida de um adolescente valentão. E alguns dos mini-games das seqüências de alunas são até divertidos, com vários quebra-cabeças.
Há várias outras formas de distração, como os árcades que você pode jogar em vários pontos da cidade. Se é a versão 2D ou 3D de um game de corrida chamado Future Racer (que não é muito bom) ou o incrível teste de reflexos de ConSumo, muitos dos velhos games da época de escola surgem. Além de games, tem até um festival, no mesmo estilo parque de diversões, para ganhar tíquetes e trocar por prêmios. Isso é que é diversão!
O que realmente merece atenção em Bully é o enredo e a apresentação. Como os diversos títulos da Rockstar, a caracterização e o humor nesse game estão presentes. Bully é facilmente o game mais engraçado já feito para o Playstation 2, que pode ser literalmente chamado de comédia! Quem diria que uma vida de valentão poderia ter um enredo tão interessante, ao contrário do que muitos imaginavam que esse título seria. O mesmo conta com uma história rude com ótimos diálogos entre seus fortes personagens.
Outro aspecto importante desse jogo é o som. Há pelo menos 39.000 linhas de conversação (com repetições, claro, quando você faz a exploração livre) e trilha sonora de deixar o ouvido em pé, sendo essa completamente original, feita por Shawn Lee.
O visual de Bully é outro forte aspecto do game. Como o foco não fica nos personagens, essa engine se beneficia de algo nunca tão bem aproveitado antes: As construções, os ambientes internos, enfim, toda a ambientação conta com uma qualidade soberba, fazendo desse game um dos mais belos já feitos pela Rockstar desde Manhunt. Ressalvo que os personagens não são tão bonitos assim, mas esse detalhe não tira o brilho do trabalho de arte que fora feito nesse jogo.
Bully é um game bastante interessante. A Rockstar conseguiu manter sua reputação de games violentos e conteúdo mais voltado para adultos, mesmo se pensando que seria difícil conseguir isso com um game voltado para a galera adolescente. Bully irá surpreender àqueles que jogarem, sendo um game de ação bastante interessante com muito humor e horas de diversão.